sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Juízo final (título provisório)


Dia negro aquele. A grande mãe surgiu no horizonte, mas diferente de outras vezes, em que se derramava em alimento sobre nós, como maná . Estendeu uma parte de si sobre nosso habitat, mergulhando nele como que uma extensão, cuja ponta sugava porções de nossa substância. Repetidas vezes algo semelhante a franjas flexíveis, mas firmes, alcançavam o chão e revolviam-no, não ficando pedra sobre pedra. A luz turvava-se numa grande turbulência.

Nossa pressão atmosférica modificava-se à medida que aquele buraco negro tragava nosso oxigênio. Um peso mórbido em nossos corpos inundava-nos de pânico, frente a um extermínio eminente. Mesmo assim, paradoxalmente, nos movíamos mais velozes, gerando o caos.

Os poucos que não foram levados aos céus, onde sumiam engolidos noutra dimensão, permaneciam em completo desespero, na angústia crucial de serem salvos. De tempo em tempo , o céu se derramava sobre o planeta, devolvendo nossas substâncias, desta feita, purificadas. Porém, isto significava que mais uma vez as franjas enrijecidas como garras tornariam a revolver o chão, pedra sobre pedra.

Isto se repetiu em vezes que pareciam infindáveis. Até que o céu começou a derramar tão somente cachoeiras de substância purificada. Nossos companheiros foram devolvidos ao nosso convívio, sãos e salvos, e a luz voltou a brilhar, límpida como nunca. Um doce murmúrio de borbulhas inundou nosso mundo, e o maná voltou a cair, paz eterna à nossa boa vontade.

Título definitivo: Limpando o aquário

4 comentários:

  1. Adorei! E que títulos, hein?? Muito tri!

    Beijo

    Ana

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  2. MUUUUITOOO LEGAL!
    Mas que inspiração em...
    Adorei...

    Beijos, Carol.

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  3. Ashuashasua. Adoraamos!!! Muito beem bolado! Beijos da Bi e do Felipe

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