domingo, 7 de agosto de 2011

Desperta dor


Desato o livro folha a folha

sentimentos costurados na lombada

epígrafe lavrada mármore branco

coração sangrando sangue venoso

derramando no vidro dum relógio digital.

Rastros desprendem miasmas

números espirais vermelhas

caracóis em desalinho

molas frouxas sustentam madrugada

que esparrama meus lençóis.

Dois sóis fulguram órbitas da face

iluminando longe céu escuro

horizonte que estilhaça raios laranja ácida

vertendo azul profundo

manhã que se aproxima dia dos meus olhos.

Discos sobrepostos

espinha dorsal que me sustenta

lenta melodia me desperta

porta aberta que atravesso.

Som batido implacável bip

retorna sempre dança de meus passos.

Luzes invadem janela semisserrada

em linhas pont’ilhadas

na parede do meu quarto.

Sonor’idade grafite atrito do meu lápis

grafa cinza grito vermelho

sangue arterial da noite que se foi.

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