quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Passeio noturno

Noite infante acolhe quente e embala silente
andante, abrigo proteção pra sempre
refúgio das agonias porvir, insuspeitado devir.
Calçadas desgastadas pedra sabão
chapéu de feltro cinza na mão
casas lusas paredes pálidas portas janelas à beira
bocais de louça quebra-luzes latão plissado
bocas da noite derramam sombras douradas
postes postados troncos eretos cheiros verdes
eucalyptus de outrora.
Cães latem grilos trincando noite verão
e embalam recém-nascidos medos límbicos
mães insones berço côncavo ventre convexo.
Vilarejo sob o solo floresce carvão
pulmão xisto betuminoso
como a vida do mineiro chiste duma vida
que sobre vive vizinho dos peitoris.
Lembranças idas cotovelos nas janelas
sustentam pensamentos vagos de um como já foi e como será...
- Boa noite!
E a menininha se aconchega e dorme num colo que acolhe tudo e a tudo sossega... pai.
(aos 3 anos, com meu pai - Minas do Butiá - 1953)

Nenhum comentário:

Postar um comentário