sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sem Deus



Dispensei Deus por alguns dias.
Nas múltiplas vias que encontrei
Perdi-me sempre em laboriosas buscas.
-Espera, Deus, preciso achar meus tesouros,
não posso ir a ti assim tão pobre!
Perdi a fé, meu ouro maior,
E o que é pior,
Perdi-me nesta incerteza.
Aguarda, meu Deus, um pouco,
Que este espírito louco
Reencontre a lucidez.
Se nesta insensatez
Eu me acabar
Não terei quem culpar
Quem chorar,
Estarei só.
Deixa-me pensar por algum tempo
Que posso viver sem crer
Que não necessito ser eterna.
Deixa-me sorver o licor amargo
De minha verdadeira e única solidão.
Se embriagar-me até cair,
Como será triste!
Não terei nem ao menos o direito de clamar:
- Deus, ó Deus, por que me abandonaste?

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